terça-feira, maio 15, 2007

SINTO

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O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas,
Essas e o que faz falta nelas eternamente,
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada,
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Brother in arms

Faz como eu qd preciso de animar, de ir buscar alguma força revejo o post de 12.04.2007.

Abraço
Poe te ben

15/5/07 1:09 da tarde  
Blogger Atrás da Lua disse...

Olá finalmente vim aqui a este cantinho e gostei do que vi. Parabéns! Quanto a este post em particular, há um no meu blog (que aliás comentaste com um "Lindo!") que espero que te ajude.

15/5/07 4:32 da tarde  
Blogger White Chocolate disse...

Atrás da Lua:

Benvinda a este meu espaço de partilha e como me disseste a mim, escreve e comenta como se no teu blog estivesses.

Obrigado pelas palavras e inspiração

(sim o teu post ajudou ;) )

22/5/07 3:07 da tarde  

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